Às
vésperas da segunda rodada de votações na Organização Mundial do
Comércio (OMC), o brasileiro Roberto Azevêdo recebeu a informação de
que a União Europeia vai apoiar o seu nome para a direção-geral da organização.
A
adesão dos europeus, somada às declarações de voto da União das Nações
Sul-americanas (Unasul) e da Comunidade do Caribe (Caricom, na sigla em
inglês) e a boa influência do Brasil entre os países africanos,
praticamente assegura a presença do embaixador brasileiro como um dos
dois nomes finais para a escolha do novo diretor geral, na avaliação de diplomatas ouvidos pelo Estado.
Nessa
reta final, o Itamaraty aposta em Azevêdo e na indonésia Mari Pangestu
como os nomes que restarão depois dessa nova rodada de votações. Na OMC,
a escolha do diretor-geral é feita em etapas, nas quais os países
indicam seus candidatos preferidos. Os mais votados passam para a
rodada seguinte. Este
ano, a eleição iniciou com nove nomes, reduzidos para cinco no início
de abril. Agora, a chamada "troica" - representantes do Paquistão,
Suécia e Canadá, que coordenam a votação - pediu a indicação de dois candidatos.
O resultado será anunciado até sexta-feira. A
decisão dos europeus de votar em bloco tanto em Azevêdo quanto no
mexicano Hermínio Blanco praticamente tira do páreo os candidatos da
Nova Zelândia, Tim Groser, e da Coreia do Sul, Taeho Bark. Restam Blanco, Pagesti e Azevêdo.
A aposta da União Europeia é por um candidato latino-americano, com o brasileiro ocupando o primeiro lugar do voto europeu.
Força.
A proximidade do Brasil com África e América Latina, no entanto, dá
mais força ao brasileiro do que ao mexicano, e essa é a aposta do Itamaraty.
Apesar de ser considerado o candidato da Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE), o clube dos países mais ricos, Blanco não tem tanto trânsito nem é tão conhecido entre os europeus quanto Azevêdo.
Entre
os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o Brasil
também deve levar a maior parte dos votos, pelo menos como segunda
opção. Os russos
tinham como preferência o neozelandês, mas numa última etapa devem
escolher o Brasil. China e Índia ainda são difíceis de prever, especialmente
numa rodada final entre Indonésia e Brasil. Apesar de as negociações
serem consideradas positivas, nenhum dos dois países se comprometeu com Azevêdo.
O
brasileiro também virou uma espécie de candidatos dos pequenos. Países
como Portugal, Macedônia e Romênia aderiram à campanha - os portugueses, especialmente, fizeram campanha entusiasmada por Azevêdo.
Campanha.
Um movimento de última hora chegou a propor que a escolha fosse feita
em quatro rodadas, e não três, como estava previsto inicialmente.
Com
três favoritos - Brasil, México e Indonésia -, a ideia é que saíssem os
três esta semana, depois se retirassem dois nomes, até a escolha final.
O
governo brasileiro não aceitou a proposta. A avaliação é que estender a
campanha seria prejudicial. Ontem o México também não aceitou, o que enterrou a ideia.
Dentro
do Itamaraty, a avaliação é que as chances de Azevêdo são muito boas,
mas não é possível ainda fazer nenhuma aposta no resultado.
Em nenhum dos cenários, no entanto, a diplomacia brasileira vê o embaixador fora da rodada final.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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