sexta-feira, 12 de abril de 2013

Empresas brasileiras lideram projetos de desenvolvimento na Venezuela


 
 
 
Sob um calor siderúrgico, centenas de operários venezuelanos trabalham sobre e sob uma área de 140 hectares em Ciudad Piar, no estado Bolívar, a cerca de 700 km a sudeste de Caracas. 

Ao chegar ao terreno, apenas parte desses trabalhadores é visível. 

Outra está a até 7 metros abaixo do solo consolidando a planta da Empresa Básica Socialista Siderúrgica José Inácio Abreu e Lima.

A siderúrgica leva o nome do brasileiro que foi resgatado à história por Hugo Chávez e que comandou o jornal e tropas do Exército de Simón Bolívar no início do século 19. 

Também é brasileira a empresa encarregada do projeto, a Andrade Gutierrez (AG), responsável pela engenharia, suprimento e construção da planta, além de buscar o financiamento de US$ 860 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e grande parte da maquinaria necessária à obra orçada em U$ 3,8 bilhões.

A aliança estratégica firmada entre Venezuela e Brasil nos governos Chávez e Lula resultou em um incremento substancial da presença das companhias brasileiras no país vizinho, cujo portfólio de obras é estimado em US$ 20 bilhões, divididos entre Odebrecht, AG, Camargo Correia, Queiroz Galvão e Consilux.

Os frutos da aliança foram colhidos em outros ramos da economia, já que o comércio bilateral saltou de US$ 880 milhões em 2003 para cerca de US$ 6 bilhões em 2012.

Como as importações brasileiras foram de apenas US$ 996 milhões no ano passado, a Venezuela foi responsável pelo terceiro superávit da balança comercial brasileira, quase US$ 5 bilhões, só atrás da China e da Holanda (porta de entrada de toda a Europa).

“Viemos para ficar”, salienta João Martins Jr., CEO da Queiroz Galvão na Venezuela.
A empresa desenvolve desde junho de 2010 um projeto com foco no desenvolvimento da soberania alimentar no Vale do Quibor, Estado de Lara. Projeto da Queiroz Galvão no Vale do Quibor, no Estado de Lara, busca a autossuficiência na produção de tomate, pimentão e cebola.

Espartano da Fonseca, CEO em Caracas da Consilux, que desenvolve projeto de habitação no país, aposta em uma melhora das relações comerciais com a eleição de Maduro. 

Para ele, o fato de o atual presidente interino ter sido chanceler por seis anos do governo Chávez, mantendo contato estreito com experiências comerciais ao redor do mundo, deve beneficiar especialmente o modo de pensar do governo.

“A palavra final sempre foi de Chávez, e ele tinha capacidade de gerenciar. 
De uma forma ou de outra, todos os problemas acabavam chegando nele, e ele os resolvia”, afirma Fonseca. 

De acordo com o empresário curitibano, caso eleito, Maduro tem a oportunidade de alterar a dinâmica de trabalho, como a de delegar poderes. 

“Ele tem a possibilidade de inaugurar uma nova forma de gestão com base nas experiências que conheceu”, opina.

Alberto Moreira, presidente da AG na Venezuela, salienta que o momento é de forte comoção pela morte de um líder, mas não de paralisação do país. 

“E a nova eleição também não vai mudar nada. Nós não temos uma ligação política com nenhum lado. As coisas estão acontecendo normalmente na Venezuela”, destaca.

Moreira ressalta que os contratos foram firmados com um país, não com uma pessoa, não havendo razões para temor. 

“Nós confiamos muito na Venezuela”, conclui.
Com a alta do preço do petróleo em 2008 e o apoio do governo brasileiro, diversas empresas brasileiras se animaram a desenvolver projetos na Venezuela. 

Muitas companhias reclamam do atraso nos pagamentos do governo venezuelano, cujas divisas dependem quase que exclusivamente do petróleo. 

Reclamações foram direcionadas ao planejamento das obras, por vezes o responsável direto pela demora na transferência do dinheiro. 

No entanto, para as empresas entrevistadas, a Venezuela permanece sendo uma “terra de oportunidades”.  
 
Fonte: Opera Mundil

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