Nada encaixa – A cada discurso ufanista sobre a situação do Brasil, a presidente Dilma Rousseff
é desmentida horas depois pelos números da economia, que apontam na
direção da crise. Durante a cerimônia de posse dos novos ministros (Casa
Civil, Educação, Saúde e Comunicação Social da Presidência), Dilma não
perdeu a oportunidade de defender a política econômica e afirmou que
está cumprindo o que prometeu. Não bastasse mais um espetáculo de
mitomania, a presidente afirmou que em 2013 o País teve conquistas na
área econômica.
A sandice que brota no Palácio do Planalto é tamanha, que os
assessores presidenciais não se dão ao trabalho de buscar dados sobre a
economia para balizar os discursos de Dilma Rousseff. No mesmo dia em
que a presidente exaltou a condução da economia, dados da balança
comercial mostraram o contrário. No primeiro mês do ano, a balança
registrou déficit de US$ 4,06 bilhões, o pior resultado para janeiro
desde o início da série. A situação deveria ser inversa pelo fato de a
moeda norte-americana estar valorizada, o que em tese facilita as
exportações, mas nem isso o governo soube aproveitar.
O cenário torna-se ainda quando analisada a projeção dos economistas
para o dólar até o final do corrente ano. Os especialistas apostam em
cotação da moeda ianque próximo de R$ 2,50, o que dificulta a guerra que
o Banco Central trava contra a inflação oficial, que cada vez mais se
aproxima da marca de 6% ao ano. A inflação real – aquela que o
brasileiro enfrenta até quando dorme – já ameaça deixar para trás a
marca de 20% ao ano. Quadro preocupante e que aniquila o salário do
trabalhador, que há muito reduziu consumo e reavaliou os hábitos.
Esteio da onda de virtuosismo inaugurada pelo então presidente Lula, a
indústria automobilística nacional prevê que o ano de 2014 será de
dificuldades. A situação se agrava sobremaneira com a decisão do governo
de Cristina de Kirchner, da Argentina, de suspender temporariamente a
importação de veículos. A grande questão é que a vizinha Argentina era
responsável por absorver 87% das exportações brasileiras no setor de
automóveis. Em tese no mercado interno os carros novos devem cair de
preço para compensar o buraco no setor de exportações, mas isso não é
dado como certo. As montadoras podem optar pela demissão de
trabalhadores como forma de ajustar a linha de produção. Fora isso, o
crédito mais caro prejudicará venda de veículos novos.
Com o dólar em alta o raciocínio imediato é que as exportações
crescem. Acontece que o Brasil parou no tempo, pois Lula e Dilma
decidiram tratar da política internacional a partir da ideologia.
Tirante a exportação de produtos manufaturados, o Brasil vende a outros
países commodities, que no mercado internacional estão em baixa devido à
situação de algumas potências, como é o caso da China, cujo crescimento
econômico vem perdendo força ano após ano. Enquanto os palacianos
corriam o planeta para defender o socialismo boquirroto, grandes
economias trataram de, em meio à crise, selar acordos bilaterais. É o
caso do acordo firmado entre os Estados Unidos e a União Europeia e o
bloco econômico criado pelos países do Pacífico. O Brasil surfou na onda
burra do socialismo latino-americano e tem com parceiros vários países
mergulhados em crises econômicas complexas.
A produção industrial brasileira registrou recuo de 3,5% em dezembro
de 2013, na comparação com o mês anterior, de acordo com dados
divulgados nesta terça-feira (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). Trata-se da segunda queda mensal seguida do
indicador, além de ser o pior resultado desde dezembro de 2008, quando
foi registrada queda de 12,2%.
A crise poderia ser amenizada com uma atuação firme e planejada do
governo petista de Dilma Rousseff na área de investimentos, em especial
na infraestrutura, mas nem isso os petistas conseguem fazer, apesar de
terem à disposição um orçamento de fazer inveja. Para que o leitor
consiga avaliar a incompetência que se abate sobre as autoridades
econômicas do governo, em 2013 o Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) emprestou 22% a mais do que no ano anterior.
Saíram do cofre do BNDES, no ano passado, R$ 190,4 bilhões, contra R$
156 bilhões em 2012. E mesmo assim a economia não reage.
Dos setores beneficiados pelos empréstimos do BNDES, a indústria
abocanhou 30% do total, enquanto o segmento de infraestrutura tomou o
equivalente a 33% do montante. A maior expansão relativa foi registrada
no setor agropecuário (alta de 64%), com total de R$ 18,6 bilhões,
“refletindo o forte volume de investimentos no campo, devido à safra
recorde em 2013”, informou a instituição.
Sabidamente incompetente e fingindo que os números da economia não
traduzem a realidade, Dilma insiste em passar à população a ideia de que
foi eleita para governar o País de Alice, aquele das fabulosas
maravilhas, sem que ao menos informe o endereço desse eldorado, pois
nove entre dez brasileiros estão de malas prontas. Enfim…
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