30/09/2013 - 16h17
Danilo Macedo e Carolina Sarres
Repórteres da Agência Brasil
Repórteres da Agência Brasil
Brasília – Em sua primeira visita de Estado ao Brasil, o presidente
do Paraguai, Horacio Cartes, agradeceu o apoio que tem recebido do
governo da presidenta Dilma Rousseff, desde que tomou posse, em 15 de
agosto deste ano. Após o encontro que tiveram hoje (30) no Palácio do
Planalto, Cartes lembrou que, um dia depois de sua vitória nas eleições,
recebeu um telefonema de Dilma, que destacou a importância do Paraguai
para o Mercado Comum do Sul (Mercosul) e colocou à disposição dos
paraguaios todo o conhecimento e estrutura desenvolvidos Brasil no
combate à pobreza.
“Não esquecerei jamais que, no dia seguinte ao da vitória nas
eleições, recebi seu chamado e ela [Dilma] me dizia da importância de
estarmos todos juntos no Mercosul e da necessidade de estarmos em
família, todos juntos”, disse Cartes. Segundo ele, ao longo da história,
o Brasil e o Paraguai, países vizinhos, demonstraram saber superar
grandes adversidades. Cartes acredita que ele e Dilma serão lembrados
pela manutenção das boas relações entre as duas nações, a despeito de
diferenças conjunturais que possam ter ocorrido ao longo do tempo.
O Paraguai ficou suspenso do bloco entre 29 de junho de 2012 e 12 de
julho deste ano porque os líderes políticos da Argentina, do Brasil e
do Uruguai discordaram da forma como o então presidente Fernando Lugo
foi destituído do poder, por impeachment. Com o processo
eleitoral e a vitória de Cartes, que tomou posse em 15 de agosto, a
suspensão foi extinta, mas o país ainda não retornou ao bloco.
Na ausência do Paraguai, houve a incorporação da Venezuela como país-membro do bloco, a adesão da Bolívia e a inclusão, com o status
de membros associados, da Guiana e do Suriname. Pelas regras do
Mercosul, o Poder Legislativo de cada um dos países-membros precisa
aprovar a entrada de novos participantes, como a Venezuela, adesão que é
questionada pelo Paraguai.
O presidente Cartes tem de lidar com os benefícios que o retorno ao
Mercosul trará ao país e a oposição de parte do Legislativo a medidas
tomadas pelo bloco durante a suspensão. A presidenta Dilma Rousseff
disse hoje, após encontro com Cartes, que a suspensão não afetou as relações bilaterais com o Brasil.
Cartes ressaltou que o Paraguai não quer pedir favores ao Brasil e
sim sentar para negociar, buscando benefícios para ambos os países, pois
sabe que tem recursos naturais que interessam aos brasileiros. “Neste
momento em que o Paraguai goza de um crédito de que não gozava ontem,
queremos dizer ao Brasil que queremos sentar à mesa grande, e só quando
as coisas forem boas para os dois, em [uma relação de] ganhar-ganhar.
Estamos seguros de que temos condições de retribuir, pelo menos em
parte, tanta generosidade do Brasil.”
Segundo Cartes, seu país está em falta com brasileiros que foram há
décadas para o Paraguai produzir alimentos e reivindicam títulos de
propriedade de suas terras. Cartes enfatizou que os estrangeiros que
foram para o Paraguai produzir, quando ainda não havia nenhuma
estrutura, o ensinaram que seu país tinha atrativos e, por isso, se
sente com enorme responsabilidade sobre o tema.
“Aqueles brasileiros que apostaram no meu país, fizeram por
convicção e têm meu enorme carinho e admiração. No início, foram muitos,
mas não ficaram todos. Ficaram os mais valentes, os que souberam
aguentar, há 40 anos, a adversidade quando não havia estradas, água,
nada, e sobreviveram. Negar que foram grandes mestres para a nossa gente
na produção agrícola seria silenciar a verdade. Hoje me sinto com uma
grande responsabilidade”, reforçou o presidente paraguaio.
Antes do almoço oferecido à sua comitiva no Palácio Itamaraty,
Cartes destacou que cerca 85% da economia vêm dos rios. Entre as
principais atividades econômicas, estão a agricultura e a pecuária,
sendo o país, que tem 406 mil quilômetros quadrados, um dos cinco
maiores produtores de carne bovina no mundo. Com 6,5 milhões de
habitantes, o Paraguai enfrenta altos índices desigualdade de renda, com
40% da população em faixa de pobreza e 18% de extrema pobreza.
"Quero
que o meu gabinete seja lembrado pelo combate à pobreza. Obrigada por
nos oferecer a experiência e a disposição neste combate. Estamos em
condições de aceitar e de fazer as coisas juntos", disse Cartes, que
agradeceu ao governo brasileiro por oferecer ao Paraguai as tecnologias
dos programas Bolsa Família e Brasil sem Miséria.
No almoço oferecido aos paraguaios no Itamaraty, Dilma e Cartes
tiveram a companhia do presidente interino do Supremo Tribunal Federal
(STF), Ricardo Lewandowski, do presidente da Câmara dos Deputados,
Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), do vice-presidente do Senado, Jorge
Viana (PT-AC), do senador e ex-presidente da República José Sarney
(PMDB-AP) e de outras autoridades. Até o final do dia, Cartes irá
visitar as duas casas do Congresso Nacional e o STF.
Edição: Nádia Franco
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