sábado, 14 de setembro de 2013

Governo tenta entender 'vazio' de leilão

 
VALDO CRUZ
DIMMI AMORA
SHEILA D'AMORIM
DE BRASÍLIA




Aposta do governo Dilma para recuperar a confiança da economia brasileira e garantir a retomada do crescimento, o Programa de Investimento em Logística falhou logo no seu primeiro teste. 

Dos dois leilões de concessão de rodovias escolhidos para inaugurar o programa, um deles, o trecho da BR-262 (MG-ES), não atraiu investidor. Deu "vazio", no jargão. 

O outro trecho, da BR-050 (MG-GO), registrou oito concorrentes interessados.

O número é o mesmo de interessados do último leilão realizado, em 2012. O governo dizia contar com no mínimo cinco participantes, mas esperava que houvesse mais de dez interessados.
O vencedor será conhecido na próxima quarta-feira. 


IRRITAÇÃO

 
O fracasso parcial irritou a presidente Dilma Rousseff, que cobrou explicações de sua equipe. Um assessor presidencial afirmou à Folha que até ontem o governo não tinha "nenhum indicativo" de que o resultado negativo pudesse ocorrer. 

O ministro Guido Mantega (Fazenda) disse que foi a falta de interessados foi uma "surpresa". "Você tem oito propostas para uma rodovia e nenhuma para a outra. Então, deve ter tido algum problema que ainda não detectamos." Segundo ele, pode ter havido algum problema de "natureza política", que o governo ainda tem de avaliar. 

Em primeira análise, a equipe acredita que não se trata de uma falha generalizada do programa, mas de um caso "específico e localizado", já que o leilão da BR-050 foi bem-sucedido despertou interesse. Este trecho é considerado pelos empresários como um "filé". 

O problema é que a BR-262 também era apontada pelo governo como outro "filé" e havia sido colocada em leilão exatamente para garantir sucesso pleno já na largada. 

Agora, a ordem dentro do governo é "parar e entender as especificidades" da BR-262 para evitar que isso contamine as próximas rodadas. O governo planejava leiloar neste ano, além dos dois trechos de ontem, mais sete rodovias. 

Dentro do Palácio do Planalto, a avaliação é que uma das causas do fracasso do leilão da BR-262 seria insegurança jurídica, provocada por ameaça de políticos do Espírito Santo de entrar na Justiça contra o leilão, por causa do valor dos pedágios, considerado muito elevado. 

Outro ponto levantado por investidores seria o risco de o Dnit não cumprir a sua parte na duplicação do trecho e isso não ser compensado pelo governo no contrato. 

Para o governo, porém, essa argumentação não faz sentido, porque, desde o início das discussões com o setor privado, a participação do Dnit já estava prevista e nenhuma empresa questionou. 

O ministro César Borges (Transportes) disse que o governo tem a opção agora de reabrir o leilão da BR-262 com os mesmos estudos ou refazê-los para iniciar uma nova concorrência. 

Há também a opção de retirar a rodovia do programa de concessões.
Borges afirmou que os outros seis leilões previstos para este ano estão mantidos.
"Não fico frustrado. Saímos empatados. Vamos para frente agora porque queremos ser vitoriosos e o programa é importante para país."

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