VALDO CRUZ
DIMMI AMORA
SHEILA D'AMORIM
DE BRASÍLIA
DIMMI AMORA
SHEILA D'AMORIM
DE BRASÍLIA
Aposta do governo Dilma para recuperar a confiança da economia
brasileira e garantir a retomada do crescimento, o Programa de
Investimento em Logística falhou logo no seu primeiro teste.
Dos dois leilões de concessão de rodovias escolhidos para inaugurar o
programa, um deles, o trecho da BR-262 (MG-ES), não atraiu investidor.
Deu "vazio", no jargão.
O outro trecho, da BR-050 (MG-GO), registrou oito concorrentes interessados.
O número é o mesmo de interessados do último leilão realizado, em 2012. O
governo dizia contar com no mínimo cinco participantes, mas esperava
que houvesse mais de dez interessados.
O vencedor será conhecido na próxima quarta-feira.
IRRITAÇÃO
O fracasso parcial irritou a presidente Dilma Rousseff, que cobrou
explicações de sua equipe. Um assessor presidencial afirmou à Folha que até ontem o governo não tinha "nenhum indicativo" de que o resultado negativo pudesse ocorrer.
O ministro Guido Mantega (Fazenda) disse que foi a falta de interessados
foi uma "surpresa". "Você tem oito propostas para uma rodovia e nenhuma
para a outra. Então, deve ter tido algum problema que ainda não
detectamos." Segundo ele, pode ter havido algum problema de "natureza
política", que o governo ainda tem de avaliar.
Em primeira análise, a equipe acredita que não se trata de uma falha
generalizada do programa, mas de um caso "específico e localizado", já
que o leilão da BR-050 foi bem-sucedido despertou interesse. Este trecho
é considerado pelos empresários como um "filé".
O problema é que a BR-262 também era apontada pelo governo como outro
"filé" e havia sido colocada em leilão exatamente para garantir sucesso
pleno já na largada.
Agora, a ordem dentro do governo é "parar e entender as especificidades"
da BR-262 para evitar que isso contamine as próximas rodadas. O governo
planejava leiloar neste ano, além dos dois trechos de ontem, mais sete
rodovias.
Dentro do Palácio do Planalto, a avaliação é que uma das causas do
fracasso do leilão da BR-262 seria insegurança jurídica, provocada por
ameaça de políticos do Espírito Santo de entrar na Justiça contra o
leilão, por causa do valor dos pedágios, considerado muito elevado.
Outro ponto levantado por investidores seria o risco de o Dnit não
cumprir a sua parte na duplicação do trecho e isso não ser compensado
pelo governo no contrato.
Para o governo, porém, essa argumentação não faz sentido, porque, desde o
início das discussões com o setor privado, a participação do Dnit já
estava prevista e nenhuma empresa questionou.
O ministro César Borges (Transportes) disse que o governo tem a opção
agora de reabrir o leilão da BR-262 com os mesmos estudos ou refazê-los
para iniciar uma nova concorrência.
Há também a opção de retirar a rodovia do programa de concessões.
Borges afirmou que os outros seis leilões previstos para este ano estão mantidos.
"Não fico frustrado. Saímos empatados. Vamos para frente agora porque
queremos ser vitoriosos e o programa é importante para país."
Nenhum comentário:
Postar um comentário