terça-feira, 17 de setembro de 2013

É hora de expandir


Saiba por que marcas Premium como Swarovski, Ornare e Pandora escolheram o modelo de franquias para crescer e aumentar sua rede de lojas inclusive fora do País

Por Fabiano MAZZEI

Quando você compra um sapato Prada ou um Porsche, importa saber se a loja é de operação própria ou uma franquia? Pois é, se a qualidade do produto, do atendimento e do serviço for o esperado de uma grife de luxo como essas, que diferença faz? Essa questão tem sido respondida cada vez mais pelos brasileiros graças à adesão do segmento premium ao sistema de franquias, como estratégia de expansão dos negócios em território nacional e fora dele. Marcas como a suíça Swarovski, a dinamarquesa Pandora e as brasileiras Ornare e A Lot Of querem levar a novas praças regionais seus produtos diferenciados e, para isso, necessitam de novos parceiros.
 
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Global: fachada da loja da Swarovski em Tóquio, no Japão.
Layout será replicado nas franquias brasileiras
 
Com 22 lojas no País, a Swarovski precisaria dobrar de tamanho para atingir os mercados menos maduros de consumo, nas regiões Nordeste e Sul. A conta ficaria salgada. No final de 2012, o board da companhia sediada em Zurique autorizou o plano de expansão. “Percebemos que o modelo de franquias é mais adequado à realidade brasileira”, disse Carla Assumpção, diretora-geral da empresa no Brasil. Desde então, foram abertas cinco unidades nesse formato, três delas em centros regionais com poder aquisitivo em ascensão: Santos e Jundiaí, em São Paulo, e Niterói, no Rio de Janeiro. O custo para ser franqueado Swarovski é de cerca de R$ 700 mil, com taxa de retorno do investimento em três anos. 
 
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Tributos: para Rachel Maia, da Pandora, diminuição de carga
tributária é vantajosa para as franquias
 
As lojas precisam estar dentro de shoppings centers e ter, no mínimo, 40 m². Todas seguirão um conceito visual globalizado, chamado de Crystal Forest, desenvolvido no Japão. “Queremos chegar a 60 lojas até 2016 e elevar o faturamento no Brasil em 200%”, afirma Carla. Os dinamarqueses da joalheria Pandora tiveram a mesma percepção: com nove lojas em três anos de Brasil, era hora de crescer. “Vimos que existe um mercado pouco explorado em um país com 200 milhões de pessoas”, disse Rachel Maia, diretora da marca no País. A primeira franquia foi aberta em São Paulo. A segunda será no Recife e, até o final do ano, uma terceira será aberta em Fortaleza, negociada junto ao Grupo Jereissati. 
 
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Gestão: comando compartilhado é o trunfo do sistema para Murillo Schattan,
da Ornare
 
“Já usamos essa estratégia em outros lugares do mundo e fomos bem-sucedidos”, afirma Rachel. “Na Inglaterra, por exemplo, temos 99 lojas, 80 delas franqueadas.” Uma franquia da Pandora sai entre R$ 650 mil e R$ 850 mil, com cerca de 40% do valor revertido em joias. O payback é de até três anos e a expectativa da diretoria é ter sete novas franquias em 2014. “Ganhamos na margem sobre o uso da marca e economizamos nos custos de logística e operação que teríamos se fossem lojas próprias”, afirma Rachel. Se depender do apetite do empreendedor brasileiro com esse modelo de investimento, o futuro dessas marcas é promissor. 
 
Dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF) apontam para um aumento de 15% no número de lojas para este ano, chegando a 115 mil pontos de venda. O faturamento deve bater os R$ 120 bilhões. Há, ainda, outro atrativo em franquear uma marca: a drástica diminuição na carga tributária. Como loja ou distribuidor próprio, o empresário que trabalha com itens importados tem sobre seus ombros uma alíquota de quase 40%, somando-se ICMS, PIS, Cofins e IPI. Ao franqueado, operando na categoria de Simples, a taxação não ultrapassa o teto em torno de 11%. “Para uma marca como a Pandora, com faturamento médio nos dois primeiros anos na casa dos R$ 3 milhões, isso faz muita diferença”, diz Rachel. 
 
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Impulso: Carla Assumpção, da Swarovski, acredita que o novo modelo
de negócio faça sua rede de lojas no País saltar de 22 para 60 até 2016
 
Nem todos concordam. Murillo Schattan, da Ornare, avalia que há pouca vantagem nesse sentido. “Não é uma questão tributária. O tributo é alto de qualquer maneira”, afirma. Para ele, a gestão de uma rede de lojas nesse sistema é mais fácil de operar, por incluir cada franqueado como um “sócio” da marca. “Ele veste a camisa e zela pela qualidade do seu produto”, diz. A Ornare volta ao modelo de franquias após 11 anos e com ambições internacionais. Schattan pretende aumentar a cadeia de distribuidores nos Estados Unidos (mais dez) e América Central (outros cinco). Outra grife de decoração que aderiu às franquias é a A Lot Of, do arquiteto Pedro Paulo Franco, em São Paulo. Ele acaba de abrir uma unidade no Rio e aposta no atendimento local como trunfo para o sucesso das franquias. 
 
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Cautela: Pedro Franco, da A Lot Of, acredita que o atendimento
local seja vital para uma boa performance nas vendas
 
“O Brasil é quase um continente, tem localidades e culturas completamente diferentes”, diz Pedro. “A forma de comprar do paulistano é totalmente diferente do cearense”, completa. Há, porém, um temor comum em processos de expansão como esses: garantir a qualidade do que se entrega e proteger a imagem da empresa. Para tanto, Pandora e Swarovski empregarão o mesmo sistema de defesa. O mistery shopper, um comprador anônimo contratado por uma auditoria internacional que consumirá nas lojas da rede sem aviso prévio. “Nem eu saberei quando ele aparecerá”, diz Carla. “Mas seus relatórios serão vitais para se preservar a identidade da marca”, conclui Rachel.
 
 
Colaborou: Bruna Borelli

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