Saiba por que marcas Premium como Swarovski, Ornare e Pandora escolheram o modelo de franquias para crescer e aumentar sua rede de lojas inclusive fora do País
Por Fabiano MAZZEI
Quando você compra um sapato Prada ou um Porsche, importa
saber se a loja é de operação própria ou uma franquia? Pois é, se a
qualidade do produto, do atendimento e do serviço for o esperado de uma
grife de luxo como essas, que diferença faz? Essa questão tem sido
respondida cada vez mais pelos brasileiros graças à adesão do segmento
premium ao sistema de franquias, como estratégia de expansão dos
negócios em território nacional e fora dele. Marcas como a suíça
Swarovski, a dinamarquesa Pandora e as brasileiras Ornare e A Lot Of
querem levar a novas praças regionais seus produtos diferenciados e,
para isso, necessitam de novos parceiros.
Global: fachada da loja da Swarovski em Tóquio, no Japão.
Layout será replicado nas franquias brasileiras
Com 22 lojas no País, a Swarovski precisaria dobrar de tamanho para
atingir os mercados menos maduros de consumo, nas regiões Nordeste e
Sul. A conta ficaria salgada. No final de 2012, o board da companhia
sediada em Zurique autorizou o plano de expansão. “Percebemos que o
modelo de franquias é mais adequado à realidade brasileira”, disse Carla
Assumpção, diretora-geral da empresa no Brasil. Desde então, foram
abertas cinco unidades nesse formato, três delas em centros regionais
com poder aquisitivo em ascensão: Santos e Jundiaí, em São Paulo, e
Niterói, no Rio de Janeiro. O custo para ser franqueado Swarovski é de
cerca de R$ 700 mil, com taxa de retorno do investimento em três anos.
Tributos: para Rachel Maia, da Pandora, diminuição de carga
tributária é vantajosa para as franquias
As lojas precisam estar dentro de shoppings centers e ter, no
mínimo, 40 m². Todas seguirão um conceito visual globalizado, chamado de
Crystal Forest, desenvolvido no Japão. “Queremos chegar a 60 lojas até
2016 e elevar o faturamento no Brasil em 200%”, afirma Carla. Os
dinamarqueses da joalheria Pandora tiveram a mesma percepção: com nove
lojas em três anos de Brasil, era hora de crescer. “Vimos que existe um
mercado pouco explorado em um país com 200 milhões de pessoas”, disse
Rachel Maia, diretora da marca no País. A primeira franquia foi aberta
em São Paulo. A segunda será no Recife e, até o final do ano, uma
terceira será aberta em Fortaleza, negociada junto ao Grupo Jereissati.
Gestão: comando compartilhado é o trunfo do sistema para Murillo Schattan,
da Ornare
“Já usamos essa estratégia em outros lugares do mundo e
fomos bem-sucedidos”, afirma Rachel. “Na Inglaterra, por exemplo, temos
99 lojas, 80 delas franqueadas.” Uma franquia da Pandora sai
entre R$ 650 mil e R$ 850 mil, com cerca de 40% do valor revertido em
joias. O payback é de até três anos e a expectativa da diretoria é ter
sete novas franquias em 2014. “Ganhamos na margem sobre o uso da marca e
economizamos nos custos de logística e operação que teríamos se fossem
lojas próprias”, afirma Rachel. Se depender do apetite do empreendedor
brasileiro com esse modelo de investimento, o futuro dessas marcas é
promissor.
Dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF) apontam para um
aumento de 15% no número de lojas para este ano, chegando a 115 mil
pontos de venda. O faturamento deve bater os R$ 120 bilhões. Há, ainda,
outro atrativo em franquear uma marca: a drástica diminuição na carga
tributária. Como loja ou distribuidor próprio, o empresário que trabalha
com itens importados tem sobre seus ombros uma alíquota de quase 40%,
somando-se ICMS, PIS, Cofins e IPI. Ao franqueado, operando na categoria
de Simples, a taxação não ultrapassa o teto em torno de 11%. “Para uma
marca como a Pandora, com faturamento médio nos dois primeiros anos na
casa dos R$ 3 milhões, isso faz muita diferença”, diz Rachel.
Impulso: Carla Assumpção, da Swarovski, acredita que o novo modelo
de negócio faça sua rede de lojas no País saltar de 22 para 60 até 2016
Nem todos concordam. Murillo Schattan, da Ornare, avalia que há
pouca vantagem nesse sentido. “Não é uma questão tributária. O tributo é
alto de qualquer maneira”, afirma. Para ele, a gestão de uma rede de
lojas nesse sistema é mais fácil de operar, por incluir cada franqueado
como um “sócio” da marca. “Ele veste a camisa e zela pela qualidade do
seu produto”, diz. A Ornare volta ao modelo de franquias após 11 anos e
com ambições internacionais. Schattan pretende aumentar a cadeia de
distribuidores nos Estados Unidos (mais dez) e América Central (outros
cinco). Outra grife de decoração que aderiu às franquias é a A Lot Of,
do arquiteto Pedro Paulo Franco, em São Paulo. Ele acaba de abrir uma
unidade no Rio e aposta no atendimento local como trunfo para o sucesso
das franquias.
Cautela: Pedro Franco, da A Lot Of, acredita que o atendimento
local seja vital para uma boa performance nas vendas
“O Brasil é quase um continente, tem localidades e culturas
completamente diferentes”, diz Pedro. “A forma de comprar do paulistano é
totalmente diferente do cearense”, completa. Há, porém, um temor comum
em processos de expansão como esses: garantir a qualidade do que se
entrega e proteger a imagem da empresa. Para tanto, Pandora e Swarovski
empregarão o mesmo sistema de defesa. O mistery shopper, um comprador
anônimo contratado por uma auditoria internacional que consumirá nas
lojas da rede sem aviso prévio. “Nem eu saberei quando ele aparecerá”,
diz Carla. “Mas seus relatórios serão vitais para se preservar a
identidade da marca”, conclui Rachel.
Colaborou: Bruna Borelli
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