O dólar americano vem apresentando um cenário de intensa
volatilidade no mercado mundial, chegando a valorizar 19,8% em relação
ao real, no período de 2 de janeiro desse ano até 22 de agosto, pico de
alta em que a moeda americana chegou R$ 2,44. A inflação é apontada por
especialistas como o principal problema que a alta da moeda ocasiona no
País, pois as pessoas perdem seu poder de compra, já que grande parte
das mercadorias é cotada em dólar. Com a moeda valorizada frente ao
real, o preço dos produtos inflaciona. “Mesmo o comércio interno do
Brasil é afetado pela valorização do dólar, pois o preço da mercadoria é
definido de acordo com o preço que o produtor nacional exporta”,
complementa o professor de finanças do Instituto de Ensino e Pesquisa
(Insper) Alexandre Chaia.
Além da inflação, a grande oscilação do dólar pode gerar problemas na captação de recursos nas empresas, porque as negociações ficam paralisadas até que o mercado cambial se estabilize. Tentando evitar esses problemas, o Banco Central do Brasil (BC) utiliza medidas de proteção cambial (hedge) aos agentes econômicos nacionais, tentando manter a liquidez do mercado. “O trabalho diário do BC é conter as oscilações do dólar, para evitar a inflação e a paralisação do mercado”, explica Chaia.
Além da inflação, a grande oscilação do dólar pode gerar problemas na captação de recursos nas empresas, porque as negociações ficam paralisadas até que o mercado cambial se estabilize. Tentando evitar esses problemas, o Banco Central do Brasil (BC) utiliza medidas de proteção cambial (hedge) aos agentes econômicos nacionais, tentando manter a liquidez do mercado. “O trabalho diário do BC é conter as oscilações do dólar, para evitar a inflação e a paralisação do mercado”, explica Chaia.
Também há benefícios para a economia brasileira com a
valorização do dólar, principalmente na exportação, pois quem vende pode
diminuir o preço de sua mercadoria, ganhando vantagem competitiva no
mercado internacional. Apesar disso, segundo o economista da Tendências
Consultoria Felipe Salto, a oscilação intensa não é positiva para a
economia, pois é o dólar que define as ações de comércio exterior do
País, que podem ficar desestabilizadas com a grande volatilidade da
moeda americana.
Aumento dos juros
No dia
28 de agosto, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou para 9% a
taxa Selic, o juro básico da economia brasileira. A medida, segundo o
Banco Central, visa a colocar a taxa inflacionária em declínio. Segundo
Chaia, deve aumentar também a quantidade de dólares que entram no
Brasil. “Aumentando os juros, os investidores estrangeiros se interessam
em investir no Brasil, e a liquidez da moeda aumenta”, aponta. Para
Salto, o BC deveria apostar em uma medida mais austera. “Se o objetivo é
controlar essa recente disparada do dólar, um ajuste mais forte na taxa
Selic, aumentariam os resultados a curto prazo”, afirma.
No início de agosto, o ministro da Fazenda, Guido
Mantega, eliminou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 6%
sobre aplicações de renda fixa de estrangeiros no País. “A medida
incentiva o investimento no Brasil, mas acaba gerando incerteza, pois o
investidor pensa que, da mesma forma que o governo retirou o imposto,
ele pode colocar de volta a qualquer momento”, completa Chaia.
Venda de dólares
Umas das operações do mercado à vista é a venda dos dólares da reserva
do BC, de mais de US$ 370 bilhões. Os dólares podem ser colocados ou
retirados do mercado para conter as oscilações da moeda. A venda à vista
das reservas nacionais é utilizada apenas em situações extremas, pois o
BC não tem um retorno confirmado. A reserva de dólares serve como um
seguro para a quantidade de moeda americana que circula no Brasil.
Para Chaia, a quantidade ideal de dólares que o País
deve manter na reserva depende da situação do mercado nacional e da
credibilidade que o investidor estrangeiro tem no País. Na visão do
professor, a confiança para se investir no Brasil vem caindo porque o
governo brasileiro altera muito as regras de concessão e investimento,
causando instabilidade. “Os benefícios fiscais dados a empresas
nacionais no ano passado, juntamente com o fator inflacionário ajudaram a
diminuir a credibilidade da economia brasileira”, explica.
Leilões
A venda de dólares pode ser feita por meio dos leilões de troca
cambial, conhecidos como swap cambial, ou por vendas com compromisso de
recompra. No caso do swap, que vem sendo utilizado pelo Banco Central
desde o dia 23 de agosto, são vendidos contratos de dólar no futuro. O
BC fixa uma taxa e vende os contratos nos prazos anunciados. Na data
final, que é definida pelo BC de acordo com o cenário do mercado
nacional, os agentes econômicos são ressarcidos, caso haja apreciação do
dólar, ou ressarcem o BC, se o dólar desapreciar.
O swap auxilia na melhora da liquidez cambial. Também
nos leilões de venda com compromisso de recompra, o BC fixa o preço que
venderá os dólares e os recompra quando o contrato termina pela taxa
fixada. Dessa maneira, o dólar continua circulando no País, mas não se
perde na reserva nacional, pois os dólares serão recomprados. Foram
anunciados pelo BC leilões com recompra no valor de R$ 1 bilhão,
realizados toda sexta-feira, até o dia 31 de dezembro.
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