Empresa comprou a Uniseb, do empresário Chaim Zaher, por R$ 615 milhões; o negócio reforça a presença da Estácio no mercado paulista com ensino à distância; em 2010, Zaher vendeu o sistema de ensino COC para os ingleses da Pearson
NAIANA OSCAR - O Estado de S.Paulo
A Estácio, segunda maior empresa de educação do País,
fechou ontem a maior aquisição de sua história e anunciou sua chegada
definitiva ao mercado paulista. A companhia comprou por R$ 615 milhões a
Uniseb, sediada em Ribeirão Preto e com 164 polos de ensino à distância
espalhados pelo Estado, boa parte deles na capital. "É, com certeza,
nosso investimento mais importante", disse o presidente da Estácio,
Rogério Melzi. "De uma vez só, atingimos vários objetivos."
Com faturamento de R$ 107,8 milhões no ano passado, a Uniseb pertence
ao empresário Chaim Zaher, fundador da marca de ensino COC, que foi
vendida em 2010 para a Pearson, uma das maiores companhias de educação
do mundo, dona do Financial Times e da revista The Economist.
O negócio anunciado ontem é uma clara reação da empresa carioca à
megafusão divulgada em abril deste ano que criou a maior empresa de
educação do mundo com a união de Kroton e Anhanguera.
As conversas com o dono da Uniseb começaram cerca de 20 dias depois
do anúncio que surpreendeu o mercado e, especialmente, os executivos da
Estácio. Segundo fontes do setor de educação, a companhia estava em
negociações avançadas com a Anhanguera para unir as operações das duas
empresas, quando ela fechou com a Kroton.
"A expectativa era mesmo de que, depois da megafusão, a Estácio
anunciasse um negócio de peso para fazer frente ao movimento das
concorrentes", disse Carlos Monteiro, da CM Consultoria, especializada
em educação. "Se ela não tomasse essa iniciativa agora, deixaria de ser
compradora para se tornar um alvo."
Controlada pela GP Investimentos desde 2008, a Estácio sempre optou
por comprar universidades menores, privilegiando a expansão geográfica.
Desde 2010, quando a GP decidiu retomar as aquisições, a empresa comprou
11 instituições em 8 cidades. A mais cara de todas foi a Facitec, do
Distrito Federal, comprada em abril deste ano por R$ 29 milhões.
Além de ter sido a aquisição mais relevante da história da Estácio, a
compra da Uniseb também é uma das mais inflacionados do setor se
considerado o preço pago por aluno. Em agosto deste ano, a Laureate
pagou R$ 14,7 mil por estudante da paulistana FMU, que foi considerado o
preço mais alto pago nas transações até então. Para ficar com a Uniseb,
a Estácio desembolsou R$ 16,2 mil por aluno.
O diretor financeiro da companhia, Virgilio Gibbon, justifica que
esse indicador não dá a dimensão do negócio fechado ontem. A aquisição
da Uniseb, segundo ele, é estratégica para a empresa por vários motivos.
Além de marcar a entrada da Estácio no mercado paulista, reforça a
presença do grupo no ensino à distância (EAD). Hoje, a Estácio tem seis
unidades em São Paulo e apenas um polo de ensino à distância na cidade
de Ourinhos. A Uniseb tem 57 polos de EAD no Estado, com 33,4 mil
alunos. "O potencial de crescimento é gigantesco", diz o executivo. "A
Estácio mantém uma média de 1,2 mil estudante por polo de ensino à
distância, enquanto a Uniseb tem cerca de 300 alunos."
Tecnologia. A explicação para essa disparidade está
na tecnologia usada pelas duas empresas. A Estácio trabalha com ensino
totalmente online, o que significa que os alunos precisam comparecer
presencialmente na unidade apenas duas vezes no semestre para fazer
avaliações. A Uniseb, por sua vez, oferece cursos telepresenciais: o
professor dá aula em um estúdio e os alunos acompanham de uma sala ou
auditório.
Com a aquisição, a Estácio adicionará ao seu portfólio 164 novos
polos de ensino à distância aos 52 que ela administra hoje. A base de
alunos de EAD da companhia passará de 58,8 mil para 92,2 mil nesta
modalidade. O número, no entanto, não chega perto da líder Kroton, que,
sozinha, tem 352 mil estudantes somente no ensino à distância.
Além dos polos, o negócio engloba o câmpus da Uniseb em Ribeirão
Preto, no interior de São Paulo, mas não inclui outras três unidades em
Maceió, São Paulo e Brasília.
Ontem, depois de assinar o contrato no escritório dos advogados em
São Paulo, Melzi e Zaher voaram no jatinho do dono da Uniseb para
Ribeirão Preto e ficaram até o início da noite dando a notícia para
funcionários, professores e alunos, na sede do grupo. A integração
começa assim que as empresas tiverem o aval dos órgãos reguladores. /COLABOROU DAYANNE SOUSA
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