quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Fusões e aquisições têm pior primeiro semestre desde 2008, diz Anbima

Por Talita Moreira | Valor
 
SÃO PAULO  -  A desaceleração da economia brasileira atingiu em cheio as operações de fusões e aquisições. O volume de transações anunciadas entre janeiro e junho, de R$ 43 bilhões, é o mais fraco desde o primeiro semestre de 2008. Segundo levantamento da Anbima, associação das instituições que atuam no mercado de capitais, também houve queda de 32,4% na comparação com o mesmo período do ano passado.

A principal razão para a freada foi a incerteza em relação à economia brasileira, “que levou à cautela das empresas sobre seus planos de investimentos”, afirmou Ubiratan Machado, coordenador do subcomitê de fusões e aquisições da Anbima, em teleconferência com jornalistas.

O número de operações anunciadas – 54  – também foi o mais baixo desde a primeira metade de 2009, quando houve 48 transações. O total de negócios revelados nos seis primeiros meses deste ano caiu à metade na comparação com o mesmo período de 2012.

Grande parte da queda está relacionada ao comportamento de empresas e investidores estrangeiros. Diante do cenário incerto, as operações envolvendo capital externo despencaram.

Aquisições de empresas brasileiras por grupos estrangeiros, que representaram 40,6% do volume de negócios no primeiro semestre do ano passado, recuaram para 24,3% do total no mesmo período de 2013. Baixaram de R$ 25,8 bilhões para R$ 10,5 bilhões.

As compras de ativos estrangeiros por empresas brasileiras também caíram, passando de R$ 18,3 bilhões para R$ 5,2 bilhões na mesma base de comparação. A queda nesses segmentos não foi compensada por uma alta correspondente em transações envolvendo compradores e vendedores brasileiros e compradores e vendedores estrangeiros.

Embora a desvalorização do real torne os ativos brasileiros mais baratos para compradores estrangeiros, esse efeito foi ofuscado nos primeiros meses do ano pela incerteza no ambiente econômico.

“Incerteza afeta mais os estrangeiros que as empresas locais, que conhecem melhor o mercado”, afirma Machado. Ao mesmo tempo, acrescentou, o dólar mais forte aumenta a atratividade dos ativos brasileiros, mas a análise das operações tende a levar mais tempo. “Por isso, num primeiro momento, o volume [de investimentos estrangeiros] cai.”

(Talita Moreira | Valor)

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