04 de março de 2014 | 2h 06
O Estado de S.Paulo
Sempre que podem, os ditos "sem-terra" reclamam
publicamente da presidente Dilma Rousseff porque ela, corretamente,
desapropriou menos terras para a reforma agrária do que Fernando
Henrique Cardoso. Mas eles se queixam de barriga cheia: o Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), faça o que fizer, destrua o que
destruir, será sempre beneficiado pelo governo petista com generosas
verbas públicas - que garantem sua sobrevida como "movimento social",
mesmo que não haja mais a menor justificativa para sua existência, a não
ser como caso de polícia.
Segundo revelou o Estado, uma entidade ligada ao MST recebeu dinheiro
da Petrobrás, da Caixa Econômica Federal, do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (Incra) para realizar um congresso de
sem-terra - e foi nesse evento, em Brasília, no último dia 12/2, que o
MST reafirmou sua verdadeira natureza: criminosa e hostil às
instituições democráticas.
Milhares de militantes atacaram policiais que tentavam impedi-los de
invadir o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal. O saldo de
feridos deu a exata medida do ânimo violento dos manifestantes: 30
policiais (8 em estado grave) e apenas 2 sem-terra.
Os militantes lá estavam para cobrar de Dilma que acelerasse a
reforma agrária, mas o protesto incluiu críticas ao julgamento do
mensalão, ao uso de agrotóxicos e à espionagem americana. No balaio do
grupo que diz defender desde a estatização completa do sistema produtivo
nacional até a "democratização da comunicação" cabe tudo. Foi essa
impostura que recebeu farto financiamento do governo para uma
manifestação que, como era previsível, degenerou em quebra-quebra.
A injeção de dinheiro público no MST e em outras entidades de
sem-terra que se envolvem em banditismo e ameaças ao Estado de Direito
não é novidade. Em 2006, cerca de 500 desses militantes invadiram a
Câmara dos Deputados, sob o comando de um petista histórico, Bruno
Maranhão, dono de uma entidade que recebera R$ 2,2 milhões para
"capacitação" de assentados. Segundo o Tribunal de Contas da União, esse
dinheiro simplesmente sumiu.
Três anos mais tarde, o MST invadiu, depredou e saqueou a Fazenda
Santo Henrique, da empresa Cutrale, em Borebi (SP). Naquela ocasião, os
repasses de verbas públicas para o grupo e seus associados haviam
chegado a R$ 115 milhões em cinco anos. Só no primeiro mandato do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o aumento fora de 315% em relação
ao governo anterior. E o MST ainda tentou engordar o caixa vendendo
produtos que seus militantes roubaram da Cutrale.
É esse histórico de leniência e de cumplicidade que explica por que a
estatal de petróleo e dois dos principais bancos federais de fomento
continuaram a bancar esses desordeiros sem nenhum constrangimento. No
presente caso, a Petrobrás deu R$ 650 mil, a Caixa pagou R$ 200 mil e o
BNDES contribuiu com outros R$ 350 mil para um convescote intitulado
"Mostra Nacional de Cultura Camponesa", organizado por uma certa
Associação Brasil Popular (Abrapo), ligada ao MST, e que foi o principal
evento do congresso de sem-terra. Já o Incra bancou, com R$ 448 mil, a
estrutura da Feira Nacional de Reforma Agrária. Em nenhum caso houve
licitação.
Tanto a Caixa como o BNDES argumentaram que o patrocínio tinha como
objetivo ampliar sua visibilidade no setor agrícola. A Caixa, por
exemplo, informou que o evento "valoriza a população campesina
brasileira e oferece oportunidade de intercambiar conhecimentos e
culturas do País". Já a Petrobrás considera que o congresso "alinha-se
ao programa Petrobrás Socioambiental na linha dedicada à produção
inclusiva e sustentável". A estatal está tão animada com os sem-terra
que vai financiar a produção de CDs do MST com "canções infantis no meio
rural".
Nenhuma das empresas comentou sobre os possíveis danos à sua imagem
por causa dos tumultos do dia 12. Mas o governo não parece muito
preocupado. No dia seguinte aos atos de selvageria, como se sabe, os
vândalos foram recebidos pela presidente Dilma em pessoa.
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