A
presidente Dilma determinou neste domingo que fossem pedidas explicações aos
EUA sobre a revelação, feita pelo jornal O GLOBO, de que os serviços de
inteligência e espionagem norte-americanos monitoraram milhões de e-mails e
telefonemas de empresas e cidadãos brasileiros.
A Polícia Federal e a Anatel já iniciaram investigação sobre a denúncia de
colaboração de empresas brasileiras com a espionagem.
O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota (foto), disse que o
Itamaraty recebeu com “grave preocupação” a notícia de que contatos eletrônicos
e telefônicos brasileiros estariam sendo monitorados e que entrou entrou
em contato com o embaixador norte-americano no Brasil, Thomas
Shannon, para cobrar esclarecimentos sobre o assunto e pediu à embaixada brasileira
em Washington para que fizesse o mesmo em relação à Casa Branca.
Segundo
Patriota, o governo brasileiro vai propor às Nações Unidas a criação de uma
regulação internacional para evitar abusos e por mais
segurança cibernética, para evitar esse tipo de comportamento por parte de
outros países.
Ele
adiantou que o Brasil pretende pedir à União Internacional de Telecomunicações
(UIT), em Genebra, na Suíça, o aperfeiçoamento de regras multilaterais
sobre segurança das telecomunicações.
De
acordo com o ministro de Comunicações Paulo Bernardo, o governo já acompanhava
o caso de espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em
inglês) dos EUA no exterior. “Agora a história muda de patamar”, disse.
Ele
acrescentou que se isso realmente ocorreu, configura crime contra a legislação
brasileira e a Constituição. "Se tiver empresa brasileira mancomunada
com empresas estrangeiras para quebrar sigilo telefônico e de dados, é um
absurdo", disse o ministro.
Bernardo
afirmou, no entanto, duvidar da existência desses contratos; ele aposta na
captura de dados via cabos submarinos. Dilma tomou a decisão de como reagir
depois de reunião no Palácio da Alvorada, em Brasília, com Paulo Bernardo,
ministro das Comunicações, Gleisi Hoffmann, ministra da Casa Civil, Ideli
Salvatti, de Relações Institucionais, José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça,
Aloizio Mercadante, da
Educação e Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da
Presidência.
A
reunião foi acompanhada pelo ministro Patriota, que se encontrava fora da
capital federal.O presidente nacional do PSOL
(Partido Socialista), Ivan Valente, anunciou que pretende apresentar um
requerimento até esta terça-feira convidando o embaixador Shannon a participar
da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, para prestar
esclarecimentos.
Valente
afirmou que a conduta dos EUA é “inaceitável e invasora” e que “as ruas devem
execrar e repudiar a atitude de polícia do mundo dos norte-
americanos".O escândalo sobre o
monitoramento das comunicações privadas de cidadãos e empresas de dentro e de
fora do país pelo governo dos EUA veio à tona após o ex-técnico em
segurança digital da CIA (agência de inteligência norte-americana), Edward
Snowden, revelar a prática.
Os
dados eram vigiados por meio do Prism, programa de vigilância eletrônica
altamente secreto mantido pela NSA. O GLOBO desta segunda-feira traz outra
revelação grave: equipes da NSA e da CIA teriam trabalhado em conjunto em
Brasília, onde teria funcionado uma das 16 bases que os EUA mantiveram para
a coleta de informações através de satélites.
Fontes: Agência Brasil e O Globo.
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