O grupo dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) vai
contribuir com US$ 100 bilhões para um fundo de combate que busca
estabilizar os mercados cambiais afetados por uma esperada redução do
estímulo dos Estados Unidos, disseram a China e a Rússia nesta
quinta-feira (5).
Do total, o Brasil contribuirá com US$ 18 bilhões, mesma quantia de
Índia e Rússia. A China, detentora da maior reserva cambial do mundo,
contribuirá com US$ 41 bilhões. A África do Sul terá a menor
participação, de US$ 5 bilhões.
Com o crescimento da economia dos EUA, investidores temem o fim do
estimulo mensal de US$ 85 bilhões do Federal Reserve (Fed, o BC dos
Estados Unidos).
Dólares baratos que alimentaram um boom no Brasil, Rússia, Índia, China
e África do Sul na última década diminuíram desde que o Federal Reserve
alertou, em maio, sobre a redução do esquema de compra de títulos dos
EUA.
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Denúncias
de que a presidente Dilma Rousseff teria sido espionada pela NSA
(agência de segurança dos EUA) podem contaminar conversas entre ela e
Barack Obama. O Planalto não descarta cancelar a visita aos EUA,
prevista para outubro. A presidente estuda um comunicado conjunto com os
Brics contra "ações que afetam a soberania dos países". Para agradar à
presidente, Obama cogita dar apoio à pretensão brasileira de ocupar uma
vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU. A foto é da visita
oficial feita pela chefe de Estado brasileiro aos EUA no final do ano
passado Brendan Smialowski/Afp
Melhora da economia dos EUA antecipa fim dos estímulos
Nos últimos meses, o banco tem reforçado a ideia de que uma recuperação
econômica mais forte no país pode levar ao fim da injeção de dinheiro,
levando a uma migração de aplicações para ativos considerados mais
seguros.
Atualmente, o Fed injeta US$ 85 bilhões todos os meses no mercado, que
garantem um bom volume financeiro para negociações em todo o mundo.
A expectativa dos mercados é de que o Fed tome neste mês as primeiras
medidas para reduzir estímulos monetários extraordinários, o que
potencialmente terá enormes implicações para o sistema financeiro
global, onde o dólar representa 62% das reservas de ativos.
A nação emergente que enfrenta o maior choque financeiro, Índia,
recebeu simpatia limitada da China e da Rússia, já que ambas pediram por
ações de política monetária para o país lidar com os deficits externos.
"Vemos dificuldades temporárias de alguns países Brics, principalmente
dificuldades em termos de equilíbrio de balança de pagamentos", disse
Zhu.
China terá maior participação
"O tamanho do acordo será de US$ 100 bilhões e a China terá a maior
participação nisso", disse o vice-ministro das Finanças da China, Zhu
Guangyao, em entrevista na cúpula do G20 em São Petersburgo, Rússia.
Tanto Zhu quanto o vice-ministro das Finanças russo, Sergei Storchak,
afirmaram que os detalhes ainda precisam ser trabalhados, sugerindo que
--além do anúncio-- muito precisa ser feito sobre o instrumento de
reserva.
Um banco de desenvolvimento dos Brics, com capital de até US$ 50 bilhões, está há meses com várias pendências.
O presidente russo, Vladimir Putin, deve anunciar o tamanho do fundo
cambial em reunião dos líderes dos Brics, antes de o G20 se reunir como
um todo nesta quinta-feira para discutir a situação da economia mundial.
"Pedimos para não criar expectativas desnecessárias", disse Storchak em
relação ao fundo cambial. "Politicamente os países estão prontos, mas
tecnicamente não estão."
"O total é conhecido (US$ 100 bilhões), mas não sei nem mesmo como chegar a isso", disse ele.
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