Azeite,
bacalhau, peras e vinho são produtos do chamado 'mercado da saudade' e
que sempre se constituíram o grosso das exportações portuguesas para o
Brasil. Mas há mudanças à vista porque Portugal está exportando cada vez
mais para o Brasil e reduzindo um déficit comercial histórico.
De acordo com o Instituto Nacional de Estatísticas (INE), do primeiro
semestre de 2005 ao mesmo período de 2013, o déficit caiu quase nove
vezes: de R$ 1,03 bilhão (342,2 milhões de euros) para R$ 119 milhões
(39,5 milhões de euros) no câmbio oficial.No mesmo intervalo de oito anos, as
exportações portuguesas para o Brasil saltaram mais de quatro vezes, de
R$ 228 milhões (75,7 milhões de euros) para mais de R$ 959 milhões
(318,4 milhões de euros).
Com o aumento do volume de vendas, o Brasil
passou a ser o 12º mercado mais importante para Portugal e o terceiro
maior comprador de produtos agrícolas.Além dos produtos tradicionais do
chamado “mercado da saudade”, estimulados pela gastronomia portuguesa,
cresceram as vendas de máquinas, aparelhos e metais comuns (não
preciosos) para o Brasil.
O período analisado pelo INE abrange a
crise econômica internacional (a partir de setembro de 2008), que afeta
especialmente os países do Sul da Europa e faz com que importem menos
por causa da recessão interna e busquem novos mercados fora do
continente para os seus produtos.Os dados recentes do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior sobre o comércio
Brasil-Portugal em 2013 confirmam essa tendência.
Em sete meses de
trocas comerciais, Portugal teve superávit em seis meses. Entre janeiro e
julho deste ano, a corrente de comércio entre o Brasil e Portugal
ultrapassou R$ 2,5 bilhões (US$ 1 bilhão), com superávit de mais de R$
12 milhões (US$ 5,3 milhões) favorável aos lusitanos.Com problemas de endividamento público
(acima de 130% do Produto Interno Bruto), déficit fiscal (mais de 6% em
2012) e dificuldades legais para fazer cortes nos gastos do Estado, a
geração de receitas por meio de exportações é a maior esperança de
Portugal, que tem mercado interno pequeno (10 milhões de pessoas) e
salários contidos.
“A necessidade ajuda os empresários a
redefinir suas prioridades e a procurar oportunidades para as suas
atividades fora de Portugal”, acredita o ministro da Economia, António
Pires de Lima. Ele destaca no site do governo que as empresas estão
adaptando sua capacidade ao mercado e, por isso, as exportações de
Portugal “crescem em bom ritmo”.
As contas externas, assim como as
contas públicas, serão apresentadas na próxima semana aos credores da
Troika, que voltam a Portugal para avaliar a economia antes de liberar
nova parcela de empréstimo internacional.
Fonte: Agência Brasil |
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