Segundo o fundo, o país deverá apresentar previsões do PIB e um novo índice de inflação até o final de março de 2014
Mapa mundi visto dentro do símbolo do FMI: o fundo indicou que "mais ações devem ser implementadas para o final de setembro de 2014 e fevereiro de 2015"
Washington- O Fundo Monetário Internacional (FMI)
avaliou positivamente nesta segunda-feira os progressos realizados pela
Argentina para melhorar a qualidade de suas estatísticas, mas
estabeleceu um novo prazo, para "o final de março de 2014", em que
deverá apresentar "novas previsões do PIB e um novo índice de inflação".
"Apesar de a Argentina não ter adotado as medidas exigidas pelo Fundo
para corrigir as inexatidões nas medidas de inflação da Grande Buenos
Aires e os dados do PIB, o Diretório Executivo reconheceu o trabalho em
andamento e a intenção de oferecer um novo sistema de medição de preços
para o início de 2014", informou o FMI em nota de imprensa.
Por isso, o principal órgão executivo do Fundo decidiu oferecer um
"calendário específico" para a apresentação dessas novas medidas.
"Esta decisão pede que a Argentina implemente um conjunto inicial de
ações específicas, entre elas a publicação de um novo índice de preços
nacional e previsões revisadas do Produto Interno Bruto (PIB), para o
final de março de 2014", destacou o FMI.
Além disso, indicou que "mais ações devem ser implementadas para o
final de setembro de 2014 e fevereiro de 2015", embora não tenha
especificado quais são.
O Fundo ressaltou também "a importância das conversas em curso com as
autoridades argentinas para melhorar a qualidade" dos dados do PIB e da
inflação, e expressou sua disposição em "continuar fortalecendo a
relação" com a Argentina.
A decisão do Diretório Executivo do FMI representa um alívio para a
Argentina, já que o país poderia enfrentar sanções concretas no que diz
respeito ao acesso aos recursos do Fundo.
Embora as tensões entre Argentina e FMI se reduziram nos últimos meses,
Lagarde insistiu em agosto que Buenos Aires deveria oferecer números
"confiáveis e comparáveis", já que todos os membros "devem estar na
mesma página, como estabelecem as regras do jogo".
Em fevereiro, o Fundo emitiu uma declaração de censura e ameaçou à
Argentina para que apresentasse progressos na forma com a qual o
Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec) compõe seus dados
para o final de setembro, cujo resultado foi analisado hoje pelo
Diretório Executivo.
Essa declaração de censura foi a primeira ocasião na qual o FMI tomou
tal medida com um de seus 188 países-membros desde a sua criação em
1944.
O Fundo advertiu em várias ocasiões sobre a falta de rigor nas
estatísticas econômicas do governo argentino, e em todos os seus
relatórios de "Perspectivas Econômicas Globais" dos últimos anos incluía
uma nota de pé de página no qual explicitava suas dúvidas sobre os
dados fornecidos por Buenos Aires.
Segundo o Indec, a inflação em 2012 foi de 10,8%, enquanto algumas
estimativas particulares, das quais o FMI considera mais críveis,
estimam que o índice foi de 25,6%.
Nos últimos anos, e em particular durante o mandato da presidente
Cristina Kirchner, a Argentina teve divergências com o Fundo, e o
considerou como responsável, em parte, pelas recomendações econômicas
que levaram à crise que castigou o país no início do século XXI.
"Realmente existe contra a Argentina, por parte do FMI, certa má
vontade, porque somos o exemplo ruim, somos o mau aluno, somos aqueles
que disseram não a todas e cada uma das receitas que quiseram impor
sobre nós em 2003", afirmou Cristina no ano passado em uma conferência
na Universidade de Georgetown em Washington.
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