terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Estatal saca R$ 28 bi de fundo em três meses






TONI SCIARRETTA

DE SÃO PAULO

Com um dos maiores caixas do país, a Petrobras teve de resgatar, em três meses, R$ 27,8 bilhões de um fundo de curto prazo para cumprir investimentos e obrigações com fornecedores e bancos. 

O patrimônio desse fundo (chamado FIC Olimpo), que tinha, no auge, em 27 de agosto, R$ 45,7 bilhões, foi reduzido em 67%, para R$ 15 bilhões, na quinta-feira passada, dado mais recente segundo a agência Bloomberg. 

Esses saques, segundo analistas, demonstram a crescente deterioração das contas da empresa e sinalizavam que a estatal não teria outra saída além de reajustar a gasolina ou captar recursos no mercado de capitais.

Criado em agosto do ano passado, o Olimpo procurou manter um patrimônio médio de R$ 30 bilhões ao longo do ano, patamar considerado confortável para a empresa. No fim de setembro, o fundo tinha R$ 32 bilhões -93,6% do total de aplicações da empresa, de acordo com o balanço do terceiro trimestre. 

Os saques foram ocorrendo enquanto a companhia estatal aguardava o momento do reajuste, anunciado no fim da semana passada. 

O ministro Guido Mantega (Fazenda) afirmou ontem que a previsão inicial era que o aumento ocorresse no meio do ano, mas "não foi possível" devido às "manifestações" de junho e julho.

Em agosto, os saques somaram R$ 1,7 bilhão, seguidos por R$ 8,8 bilhões, em setembro, R$ 9,6 bilhões, em outubro, e R$ 7,7 bilhões, em novembro (até o dia 28). 

O Olimpo é um fundo com taxa de administração baixíssima, de 0,00425% ao ano (os grandes aplicadores pagam, normalmente, 0,5%). 

Ele investe em outros 12 fundos das mais variadas instituições financeiras: BTG Pactual, Itaú Unibanco, Santander, Caixa Econômica Federal, Banco Alfa, JPMorgan, GAP, Votorantim, Schroder, BNP Paribas, Banco do Brasil e Bradesco. 

Em comum são todos fundos de alta liquidez (facilidade de resgate) que aplicam em títulos públicos, a maioria ligados ao CDI. 

No ano até o dia 27 de novembro, o rendimento bruto foi de 6,16% -abaixo dos 7,15% do CDI e dos 7,29% da taxa Selic no período, segundo a Economática. 

Procurada, a Petrobras preferiu não comentar.

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