Thinkstock/BernardaSv
Dinheiro: nos três primeiros meses do ano, a concessão de crédito para empresas no país caiu 14%
Renée Pereira, do Estadão Conteúdo
São Paulo - A forte restrição dos bancos à concessão de crédito tem travado os negócios das empresas em vários setores da economia.
Com o caixa debilitado pelo baixo desempenho econômico e sem acesso a
linhas de crédito para capital de giro ou investimentos, as companhias
começam a enxugar as estruturas, reduzir o quadro de funcionários e
adiar pagamentos.
Nos três primeiros meses do ano, a concessão de crédito para empresas
no País caiu 14% em relação ao quarto trimestre de 2014, de R$ 429,5
bilhões para R$ 407,3 bilhões, conforme relatório do Banco Central (BC).
No mesmo período, entretanto, a demanda por empréstimos continuou em alta: subiu 9,7%, segundo a Serasa Experian.
"Se esse indicador está crescendo e a concessão caindo é sinal que os
bancos estão mais seletivos na liberação de crédito", explica o
economista da empresa, Luiz Rabi.
Além do recuo no volume concedido, as taxas de juros aumentaram, os
prazos de pagamento dos empréstimos diminuíram e a inadimplência
cresceu.
Pelos dados da Serasa, o atraso nos pagamentos de despesas financeiras e
não financeiras avançou 12% no primeiro trimestre, demonstrando a
dificuldade das companhias diante da queda da atividade, custos mais
elevados (energia elétrica e combustíveis, por exemplo) e escassez (e
encarecimento) de crédito.
"Hoje, o principal problema das empresas é a falta de crédito. Se nada
for feito, poderá haver um colapso que vai travar ainda mais a economia.
Isso precisa ser olhado com urgência pelo governo", afirma o diretor da
Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), José Ricardo Roriz.
Ele acredita que a Operação Lava Jato, que investiga corrupção em
contratos da Petrobrás, tem ajudado a secar o mercado de crédito, já que
alguns bancos terão prejuízos com operações feitas com empresas
envolvidas no escândalo.
"Mas mesmo quem está fora dessa confusão está sendo punido. Os bancos
públicos, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social), não podem fechar as portas para o setor produtivo", reclama o
executivo.
No BNDES, fonte mais barata de financiamento para as empresas, o
crédito com recursos direcionados (voltado para determinado segmento ou
atividade) despencou 44,6% de janeiro a março comparado ao último
trimestre de 2014, segundo o relatório do Banco Central.
A linha voltada para o capital de giro das empresas teve o maior baque
na liberação: queda de 79,1% no período. O financiamento a investimentos
caiu 43,6% e os empréstimos para o setor agroindustrial, 35,7%.
Procurado, o banco de fomento não atendeu ao pedido de entrevista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário