15 de setembro de 2013 • 10h17 • atualizado 10h54
O Brasil provavelmente recuará em seus planos de
novas usinas nucleares devido a preocupações com segurança após o
vazamento de 2011 no Japão, e promoverá por outro lado uma "revolução"
na energia eólica, disse o presidente da Empresa de Pesquisa Energética
(EPE), Maurício Tolmasquim.Tolmasquim disse à
Reuters que era "improvável" que o governo mantenha seus planos de
construir quatro novas usinas nucleares até 2030 para atender a
crescente demanda por eletricidade. Ele se recusou a informar quantas
usinas serão construídas.
Os comentários de
Tolmasquim, parte de uma avaliação mais ampla dos planos estratégicos de
longo prazo do país para geração de energia elétrica, ressaltaram as
dúvidas globais quanto à energia nuclear mais de dois anos depois do
terremoto seguido de tsunami que levou a um acidente na usina de
Fukushima, no Japão."Depois do Japão, as coisas
foram colocadas em espera", disse Tolmasquim em entrevista na semana
passada.
"Não abandonamos (os planos)... mas eles também não foram
retomados. Não é uma prioridade para nós neste momento."O
Brasil ainda não iniciou o processo das unidades projetadas que estarão
finalizadas em 2030. A usina atualmente em construção, Angra 3, está
sendo construída com tecnologia alemã da Siemens-KWU.
O
Brasil permanece como um local relativamente atrativo para a energia
nuclear, disse Tolmasquim, já que é um dos poucos países que possui
todos os elementos naturais necessários para sua produção. Além das duas
usinas nucleares existentes no Rio de Janeiro, uma terceira está em
fase de construção, e deve entrar em operação em 2018.Depois
de um crescimento econômico robusto na última década, o Brasil é o
mercado para novas fontes de eletricidade confiáveis, limpas e baratas.
A
rede de energia do país atualmente se baseia em usinas hidrelétricas
para cerca de 75% de sua demanda. Isso tem benefícios ambientais
evidentes, mas também deixou o país vulnerável durante eventuais
períodos de seca.Em janeiro, o tempo seco no
Nordeste causou temores de escassez de energia, o que abalou os mercados
financeiros e causou dor de cabeça para a presidente Dilma Rousseff. A
última grande crise havia ocorrido em 2001, quando a escassez de energia
derrubou em cerca de 1 ponto percentual o crescimento econômico
brasileiro e deixou milhões de pessoas à luz de velas.
Momento da energia eólica
Atualmente, a energia nuclear representa pouco cerca de 1% da geração de energia elétrica no Brasil, mesma porcentagem das usinas eólicas. A geração termoelétrica movida a gás natural responde pela maior parte do restante.
Apesar da desaceleração da economia desde 2011, a demanda por eletricidade continuou a crescer enquanto muitos brasileiros migram para a classe média e compram geladeiras, TVs e outros bens de consumo movidos a energia elétrica pela primeira vez.
O
consumo de eletricidade subiu 3,5% em 2012, comparados ao crescimento de
apenas 0,9% da economia como um todo.Tolmasquim,
que foi o principal assessor de Dilma quando ela foi ministra da Energia
no início dos anos 2000 e ainda é próximo à presidente, disse ver
potencial para a expansão da energia eólica graças ao aumento da
competição e aos avanços tecnológicos que reduziram os preços.
A
média de preços da energia eólica no Brasil caiu de R$ 148 por
megawatt-hora no fim de 2009 para R$ 110 por megawatt hora este ano.
"Este é o momento da energia eólica", disse. "Houve uma revolução em
termos de custos.
"Diversas empresas internacionais
estão investindo em energia eólica no Brasil, incluindo Enel Green
Power, General Electric Co., Alstom e Gamesa Corporacion Tecnologica. O
sucesso da energia eólica reduziu a ambição pela expansão da energia
solar, ao menos por enquanto, disse Tolmasquim.
Ele disse que a eólica é
atualmente mais barata que a energia solar no Brasil, apesar ser
provável que os avanços tecnológicos mudem isso."É
uma quesão de tempo", disse Tolmasquim. "A energia solar está vindo,
cedo ou tarde."
Qualquer coisa que reduza o preço da energia elétrica
será bem-vinda. Apesar da abundância de sol e de vento e de outras
formas de energia limpa, o Brasil ainda tem um dos preços de energia
mais altos do mundo, principalmente por conta dos altos impostos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário