do que há dez anos
LÍGIA MESQUITA
DE BUENOS AIRES
DE BUENOS AIRES
Em sua primeira entrevista depois de quatro anos, Cristina Kirchner
disse que sua grande arma política são seus "feitos" e que os argentinos
vivem melhor agora do que há dez anos.
"O que aconteceu em 2003 [ano em que Néstor Kirchner foi eleito] que
você não podia consumir ou comprar um carro? Você era a mesma pessoa,
com as mesmas capacidades. O que mudou foi o país", afirmou. E
completou: "Alguns querem retomar a Argentina do passado porque a mão de
obra era mais barata."
A presidente argentina escolheu falar para o canal governista TV
Pública, em um programa dividido em duas partes. Os primeiros 30 minutos
da conversa dela com o jornalista Hernán Brienza foram exibidos na
tarde deste sábado (14).
Cristina também analisou o movimento político chamado kirchnerismo,
termo que ela não gosta de usar, como algo "difícil de explicar".
"Resisto em dizer que se passaram dez anos de kirchnerismo. Foram dez
anos de governo", disse. "É um fenômeno que tem a ver com a aparição de
uma Argentina que deu uma volta, que bebe do peronismo, mas também
incorporou outros setores."
Pablo Porciuncula - 12.jul.2013/AFP | |||
Cristina Kirchner, presidente da Argentina, durante a Cúpula do Mercosul em Montevidéu, no Uruguai, em julho deste ano |
A entrevista de Cristina é vista como mais uma estratégia da mandatária
para recuperar os votos que sua aliança, a Frente para a Vitória, perdeu
nas primárias para o Legislativo do país, em agosto.
Muitos analistas e políticos de oposição dizem que se a derrota se
confirmar no pleito de 27 de outubro, será o fim de um ciclo do
kirchnerismo. "Todos têm o direito de questionar. Não me preocupa que
questionem minha liderança em um contexto democrático", disse. "A
realidade é a melhor defesa do nosso projeto."
A chefe de Estado também voltou criticar a mídia, sem citar nomes, a
quem acusa de uma tentativa de golpe --o governo briga na Justiça com o
grupo Clarín por causa da nova Lei de Meios do país.
"Há uma construção midiática de que o poder é o poder político, do
governo da vez, e que o presidente é quem tem mais poder. Na verdade, o
poder político é o que menos poder de fato tem, porque precisa de
validação e legitimação nas eleições", afirmou. "Há todo um mundo
construído pela mídia, não é que as pessoas sejam tontas, é que existem
monopólios midiáticos."
Assim que a primeira parte da entrevista acabou, o canal transmitiu ao
vivo a inauguração de uma obra em Río Gallegos, cidade dos Kirchner, com
a presença de Cristina. A segunda parte da conversa com a presidente
será exibida no próximo sábado, 21.
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