sábado, 14 de setembro de 2013

Para TV inglesa, brasileiro só gosta de ver sexo e sangue


Apresentadora de TV britânica vem ao Brasil para falar da programação da televisão nacional - "a alma de uma nação" - e fica chocada com o que vê


Deivis Horbach/Divulgação
Pânico na TV
Pânico na TV, um dos programas citados na reportagem britânica: "“no Brasil, o bumbum pode te levar a lugares”

São Paulo - “Eu tenho a teoria de que a televisão é a janela para a alma de uma nação”. É assim que começa o episódio sobre o Brasil do programa de televisão britânico “The Greatest Shows on Earth” (Os melhores programas do mundo, em tradução livre). 

Exibido em junho na TV britânica, só agora o episódio ganhou notoriedade entre brasileiros nas redes sociais

Se a teoria da apresentadora Daisy Donavon estiver correta, a alma do Brasil é uma mistura perversa de sexo e morte. Ou pelo menos é essa a conclusão a que ela chega após passar uma temporada no país, conhecendo alguns programas da TV aberta. 

“A televisão aqui valoriza o teatro do extremo, da beleza do corpo das mulheres a programas que exploram casos de polícia”, explica no começo da reportagem.

Daisy busca exemplos fortes para comprovar sua teoria. A competição “Miss Bumbum”, exibida por um canal da TV aberta, é alvo de detalhada análise. 

“Estou exposta a um festival da carne”, impressiona-se a apresentadora enquanto assiste à cena de um programa de auditório em que um cirurgião plástico descreve um bumbum perfeito. 

Ela chega a participar de uma pegadinha com uma das participantes para entender melhor o que motiva essas meninas a se exporem dessa forma. Conclusão: “no Brasil, o bumbum pode te levar a lugares”.

Uma das concorrentes, apesar de participar da competição, explica como funciona. “Para a gente entrar na TV e na mídia, muitas vezes a gente tem que entrar pela porta dos fundos. Temos que mostrar primeiro nossa beleza, pra depois mostrar o que temos por dentro e a capacidade intelectual”.

“O que me parece ser um programa degradante e sadomasoquista é transmitido, incrivelmente, às 21h de um sábado para 10 milhões de espectadores”, explica, incrédula, a apresentadora ao público inglês.


Sem limites


E ainda questiona: “se a televisão brasileira está disposta a tratar as mulheres dessa forma em sua busca por espectadores, existe algum limite que ela não cruzaria?”.

A resposta vem banhada em sangue. A jornalista britânica vai ao norte do país para conhecer melhor o que considera uma forma inesperada de entretenimento: os sangrentos programas policiais. “É isso que as pessoas assistem como entretenimento na hora do almoço?”

“Meu Deus, esse país não é para os de coração fraco”, conclui. 

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