Fiasco
esperado – Nada é pior no mundo político do que a incoerência. E isso
tem de sobra na política brasileira, começando pela capital, Brasília.
Sempre ávida por um escândalo fora da sua seara para camuflar a própria
incompetência, a presidente Dilma Vana Rousseff
cancelou o encontro com Barack Obama, agendado para o próximo dia 23 de
outubro. Como já havíamos noticiado, a presidente usou a desculpa de uma
resposta não convincente por parte do governo norte-americano acerca
das denúncias de espionagem.
Obama já conversou com Dilma a respeito do assunto, mas a mandatária
brasileira quer manter a polêmica em voga até que surja novo fato que o
governo petista se agarre e distraia a opinião pública, que não presta
atenção nos muitos escárnios que acontecem em terras brasileiras.
A incoerência a que nos referimos está na forma como o Palácio do
Planalto e o PT tratam do assunto. E para exemplificar essa postura de
conveniência usaremos um exemplo conhecido de toda a população. No caso
do Mensalão do PT, o Supremo Tribunal Federal condenou os réus com base
em provas, mas para o governo e o partido isso foi um golpe das elites,
sempre com inveja do lobista bandoleiro Lula.
No caso das denúncias de espionagem, o governo tomou uma decisão
radical com base em uma reportagem, que sequer checou a autenticidade
dos documentos supostamente vazados por Edward Snowden, ex-analista da
Agência Nacional de Segurança (NSA, em inglês). É preciso saber, antes
de qualquer medida oficial, se os documentos que embasaram a reportagem
são verdadeiros, pois Snowden se juntou ao russo Vladimir Putin, que lhe
concedeu asilo temporário, para encurralar politicamente Barack Obama
no cenário internacional. E o governo brasileiro se prestou a esse papel
menor, típico de proxeneta de pornochanchada.
Descendo um degrau e respeitando as fronteiras verde-louras, o
governo do PT e o próprio partido sempre que estiveram no centro de
escândalos adotaram a estratégia de desqualificar os operadores dos
imbróglios. No caso do malfadado Dossiê Cuiabá, Lula chamou os
envolvidos de “aloprados”, os quais, muito bem remunerados, saíram de
cena. Com isso, o partido passou à opinião pública a ideia de que era
contra algo plenamente documentado.
Na campanha presidencial de 2010, o PT violou o sigilo fiscal de
algumas pessoas ligadas ao PSDB, mas quando o caso veio à tona o partido
correu para desqualificar as pessoas que os companheiros contrataram
para operar o crime. Comportamento idêntico o Partido dos Trabalhadores
teve em relação ao caseiro Francenildo Costa, o Nildo, que teve o sigilo
bancário violado apenas porque revelou as visitas do então ministro
Antonio Palocci Filho à mansão no Lago Sul, na capital federal,
conhecida como “República de Ribeirão” e que era usada para bacanais e
acertos de negócios nada ortodoxos envolvendo o governo federal.
Resumindo, o PT é useiro e vezeiro da espionagem deliberada e ilegal,
sempre comprovada documentalmente, mas o malfeitor nessa epopeia é
Barack Obama. Com a decisão anunciada no começo da tare desta
terça-feira (17), Dilma mostrou não apenas a extensão da sua
incompetência, mas a falta de sensibilidade para tratar de assuntos de
interesse do País. Por questões óbvias, como mencionado acima, o PT
faturará politicamente com o episódio, que na imprensa dos EUA
certamente merecerá uma notícia de rodapé de página.
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