Uma
das maiores economias emergentes do mundo e com um setor de mineração
significativo, o Brasil alcançou posições consideráveis para a
indústria. Em 2012, a produção mineral atingiu US$ 51 bilhões e o País
foi o maior produtor de nióbio, o segundo maior de minério de ferro e o
terceiro na prospeção de bauxita .
Apesar
dos bons números registrados, a mineração brasileira enfrentou, nos
últimos meses, inúmeros desafios que causaram uma retração no mercado e
fizeram o lucro de algumas das empresas do segmento recuar. A principal
causa, e a mais preocupante, é a dependência que a economia mineradora
tem do mercado externo e, em particular da China.
Para se ter
uma ideia, em 2012, cerca de 80% da produção nacional de minério de
ferro foram exportadas, sendo que, aproximadamente, 45% foram
destinadas à China, de maneira que, qualquer mudança na economia
asiática afeta a indústria mineral brasileira de modo significativo.
Nesse mesmo ano, o preço do minério de ferro atingiu um dos menores
patamares em anos recentes, ao despencar de cerca de US$ 148 para US$ 94
a tonelada, atingindo níveis próximos aos da crise econômica de 2009.
Felizmente, no 2º semestre de 2013, os preços começaram a apresentar
recuperação impulsionados pelas recentes e boas notícias do crescimento
industrial chinês e a retomada do crescimento na Europa, bem como, as
empresas brasileiras do segmento têm se beneficiado com a desvalorização
cambial do real.
O recuo do
valor do minério em 2012, principal produto de exportação desse
segmento, acendeu a luz amarela, e deixou os investidores apreensivos,
criando um ambiente de incertezas. A economia do país asiático mostrou
sinais de que estava em desaceleração, o que causou efeitos negativos
nas mineradoras brasileiras, atingindo em cheio as de menor porte.
Os
reflexos da redução do apetite chinês puderam ser sentidos e ficaram
claros na pauta de exportações brasileiras, em 2012, quando o minério de
ferro alcançou US$ 30 bilhões, uma redução de 33% em relação ao US$ 41
bilhões de 2011. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio, o produto registrou cerca de US$ 14,9 bilhões em exportações
somente para a China, uma redução de 24,24% em relação aos US$ 19,79
bilhões de 2011.
Diante desse
cenário volátil, as mineradoras brasileiras têm sido desafiadas
adaptar-se a essa nova realidade para que possam se manter competitivas
no mercado. Esse quadro está levando as empresas a considerarem um novo
fator de risco em seu planejamento estratégico para médio e longo
prazos. A dependência da economia chinesa aparece como um ponto
primordial, capaz de garantir ou não o sucesso de uma companhia. A
atuação eficiente em um ambiente de grande concorrência e de preços
instáveis é crucial para os participantes que visam boas oportunidades, o
que vai levar muitas empresas a repensar seus planos de negócios,
realocar capital e cortar custos.
O segmento
de mineração brasileiro ainda enfrenta outros fatores que acabam
interferindo no crescimento do mercado e que têm um peso importante na
tomada de decisão dos investidores estrangeiros interessados em adquirir
fatias desse mercado e que planejam se instalar no País.
Entre eles,
estão a alteração no marco regulatório da mineração, cuja revisão está
sendo retirada da pauta de urgência da Câmara dos Deputados e, portanto
corre sérios riscos se não estar concluída este ano e que tem na agenda
principal a discussão sobre a melhor e mais justa forma de cobrança de
royalties (CFEM) sobre a exploração de minérios, a implementação de um
processo de licenciamento mais ágil e eficiente e a criação de uma
agência reguladora para o setor.
A implementação dessas mudanças, desde
que concluídas brevemente e sujeita a um apropriado debate da
sociedade, pode ser considerada um avanço positivo e terá como foco
tornar o processo e a gestão do setor mais eficiente e atraente aos
investidores.
A despeito
desses desafios, as perspectivas para o setor brasileiro são positivas.
Apesar de não ter garantias de que a China vá atingir de fato o
crescimento projetado até 2040, as previsões de analistas são otimistas
diante dos mais recentes números relativos à economia do país que teve
crescimento de 7,5% no PIB, no primeiro trimestre de 2013 e,
principalmente, com a tendência de expansão dos centros urbanos da
China.
Além disso, a cada ano que passa, uma série de novos investidores
tem considerado a possibilidade de atuar na mineração por aqui. Vale
lembrar que os investimentos planejados para o segmento mineral
brasileiro até 2015 são de R$ 68,5 bilhões, um aumento de 10,5% com
relação ao ano passado. Todos esses fatores indicam que a indústria está
prestes a dar sinais de recuperação.
Fonte: Brazil Export Magazine
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